Avatar
Ontem fui ver o novo filme do realizador do Titanic. Tinha grandes expectativas e, de facto, Avatar ultrapassou tudo aquilo que poderia imaginar. Na minha opinião este é, realmente, o filme da década. Excelentes personagens, excelente cenário, mas principalmente excelente história.
A acção passa-se num planeta recentemente descoberto, Pandora. Nós, Humanos, temos uma base militar no planeta porque no solo existe um mineral de nome Unobtainium, muito raro e muito valioso. Na base reside também um grupo de cientistas que estuda a fauna e flora do planeta bem como a espécie indígena nativa, os Na’vi. Estes desenvolveram uma técnica para ganhar a confiança dos nativos que consiste na criação de avatares, ou seja, seres que possuem ADN tanto da espécie Na’vi como de Humanos. Cada avatar tem o ADN da pessoa que lhe pertence. Este ser pode ser controlado através de uma maquina que permite que a mente passe do corpo humano para o corpo do Na’vi.
Numa das naves que se dirigia para Pandora viajavam Jake Sully, um ex-fuzileiro e o seu irmão gémeo cientista. Este ia juntar-se aos cientistas, tendo já concebido o seu próprio avatar. No entanto, ele morreu e é feita a Jake uma proposta. Como o seu genoma é quase igual ao do irmão, ele pode controlar o seu avatar. Assim, eles propõe-lhe que o use. Jake aceita.
No entanto nem tudo são rosas. O maior depósito de Unobtainium encontra-se debaixo de uma das aldeias dos Na’vi e os militares querem por isso afastar os nativos.
Ao longo do filme apercebemo-nos de que os Na’vi são um povo extremamente ligado à natureza, que respeita tudo o que vive. E todas as acções tomadas pelos Humanos vão contra esses valores. A floresta onde vivem é um paraíso verde, com todos os tipos de seres, árvores e plantas.
À medida que a história se desenrolava compreendi que Avatar mostra alguma da nossa própria Realidade. A única coisa que o Homem queria era o mineral, e a todo o custo. Não importava quantos hectares de floresta sagrada tivesse de destruir, quantas casas deitasse abaixo, quantos seres mataria. Tudo o que realmente importava era o dinheiro. Antes de pensarem sequer em dialogar, o braço militar planeava guerras, apenas pensando em matar. Os seres Humanos não demonstravam qualquer respeito pela vida.
Ao olhar para o nosso planeta, o nosso Presente e Passado, não é isso que nós mesmos fazemos? O ser humano suga tudo o que há de bom nas coisas, para seu próprio benefício, nunca se importando com as consequências das suas acções, quer seja em relação aos outros ou a si próprio. Apesar de sabermos que o abate de árvores leva ao aumento do aquecimento global, a Amazónia continua a ser destruída a todo o vapor; muitas vezes para construir casas ou condomínios de luxo os responsáveis preferem deixar o dinheiro fechar-lhes os olhos e deixar que áreas florestais protegidas sejam devastadas. Embora exista um número incontável de espécies animais em vias de extinção, muitos deles são caçados furtivamente, muitas vezes até dentro das reservas e os caçadores nunca são punidos. A crueldade para com os animais é uma realidade crescente, como se pode ver pelo caso da caça às crias de foca no Canadá, uma prática que é considerada legal. Muitas vezes, países ricos invadem países pobres na primeira oportunidade que têm apenas para roubar as suas riquezas ou dominá-los, como é o caso da presença chinesa no Tibete ou dos militares americanos no Iraque. E ninguém toma uma atitude em relação a isso porque tratam-se de grandes potências, líderes do mercado internacional.
Os Na’vi apenas matavam para comer, e lamentavam ter de matar. O ser Humano mata muitas vezes por diversão, como é o caso dos caçadores.
A principal diferença entre o Homem retratado em Avatar e a nossa raça é que alguns de nós lutamos para impor a diferença, para fazer o que está certo, para que o nosso mundo seja um mundo melhor. Mas não é suficiente porque a caça ilegal continua, a desflorestação ilegal continua, cada vez existem mais pessoas corruptas, mais injustiça. Será que ainda há esperança para o nosso planeta? Talvez tenhamos condenado a Terra à destruição no dia em que a pisámos. Apesar de me entristecer dizê-lo, fomos a pior coisa que aconteceu ao Planeta Azul. Espero sinceramente que nunca encontremos outro planeta habitável porque seria apenas outro habitat que iríamos sugar até à destruição.
Espero que este filme alerte todos aqueles que o forem ver para este problema e que de alguma forma mude a nossa atitude perante a situação.